Um novo estudo descobriu que pessoas com síndrome metabólica, que se refere a um conjunto de condições que aumentam o risco de uma pessoa apresentar problemas cardiovasculares, são mais propensas a ter resultados piores quando acometidas pelo COVID-19 – incluindo necessidade de ventilação e possivelmente óbito.
A pesquisa, publicada na revista Diabetes Care, fornece mais informações sobre os fatores de risco subjacentes que afetam a gravidade do COVID-19.
Principais seções da apresentação do artigo:
Tempo total: 4 minutos
Síndrome Metabólica
Definição de síndrome metabólica e por quê é um dos fatores de risco do COVID-19
Estudo Observacional
Como foi desenvolvido o estudo que relaciona a síndrome metabólica com o COVID-19
Apresentação dos Resultados
Análise estatística e resultados do estudo
Desde seu surgimento em Wuhan em dezembro de 2019, o COVID-19 se espalhou rapidamente pelo mundo. No entanto, seus efeitos e sintomas não são iguais, de acordo com o histórico médico da pessoa que contrai o vírus.
Quando os artigos científicos começaram a publicar os resultados de estudos observacionais baseados em dados da primeira onda da pandemia, ficou claro que algumas condições médicas subjacentes estavam associadas a uma chance maior de uma pessoa desenvolver COVID-19 com sintomas graves.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano (CDC), alguns grupos com maior risco de doença grave incluem adultos mais velhos e pessoas com certas condições médicas subjacentes, como doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes tipo 2.
A nova pesquisa destaca que obesidade, hipertensão e diabetes, em particular, são mais comuns em pessoas que morrem de COVID-19 do que problemas cardíacos ou pulmonares.
Síndrome Metabólica
De acordo com o National Heart, Lung e Blood Institute, a síndrome metabólica é um termo abrangente para várias condições que afetam o risco de doenças cardíacas e outros problemas de saúde de uma pessoa.
Para receber um diagnóstico de síndrome metabólica, um indivíduo precisa apresentar três das cinco seguintes condições médicas:
- Obesidade
- Diabetes ou pré-diabetes
- Hipertensão
- Hipertrigliceridemia
- Níveis baixos de colesterol (HDL)
Se uma pessoa tem síndrome metabólica, é provável que tenha de maneira prévia um nível (mesmo que baixo) de inflamação no corpo. O estudo recente explorou os efeitos individuais da obesidade, hipertensão e diabetes na gravidade do COVID-19 e os comparou com seu efeito combinado na síndrome metabólica.
Estudo Observacional
Para investigar, os pesquisadores se basearam em dados de 287 pacientes com COVID-19 em dois hospitais localizados em New Orleans, entre 30 de março e 5 de abril de 2020. Este foi o pico local inicial da pandemia.
Mais de 85% das pessoas incluídas no estudo eram negros não-hispânicos. A idade média dos participantes era de 61 anos, e quase 57% eram mulheres.
No total, 80% dos pacientes tinham hipertensão, 65% obesidade, 54% diabetes e 39% níveis baixos de HDL.
No geral, 66% das pessoas se adequavam ao critério para determinação positiva de síndrome metabólica.
Apresentação dos Resultados
Sem Síndrome Metabólica | Com Síndrome Metabólica | |
Cuidados Intensivo | 24% | 56% |
Ventilação | 18% | 48% |
SDRA (Síndrome de angústia respiratória do adulto) | 11% | 37% |
Óbito | 10% | 26% |
Mesmo depois de levar em consideração uma série de variáveis - incluindo idade, sexo, raça e localização do hospital – os pesquisadores descobriram que pessoas com síndrome metabólica tinham uma chance significativamente maior de morrer de COVID-19 do que pessoas sem síndrome metabólica.
Pessoas com síndrome metabólica também tinham quase cinco vezes mais chances de serem admitidas em uma unidade de terapia intensiva, precisarem de ventilação ou desenvolver SDRA.
Curiosamente, os pesquisadores descobriram que não houve associação entre as condições individuais que, coletivamente, constituem a síndrome metabólica e a morte por COVID-19.
No entanto, obesidade e diabetes foram associados a uma maior probabilidade de necessidade de internação em terapia intensiva e ventilação.
De acordo com o principal autor do estudo, Dr. Joshua Denson, professor assistente de medicina na Tulane University School of Medicine em New Orleans, LA: “Juntos, obesidade, diabetes e pré-diabetes, pressão alta e níveis anormais de colesterol aumentam significativamente o risco de morte nesses pacientes. Quanto mais destes diagnósticos você tiver, piores serão os resultados ”.
“A inflamação subjacente observada na síndrome metabólica pode ser o fator que está levando a esses casos mais graves.”
Isso significa que “a síndrome metabólica deve ser considerada um preditor composto do resultado letal de COVID-19, aumentando as chances de mortalidade pelos efeitos combinados de seus componentes individuais”.