Os últimos dados disponíveis em pesquisas sobre obesidade infantil foram lançados, e as notícias não são boas.
Nos Estados Unidos, 41,5% dos jovens entre 16 e 19 anos de idade apresentava sobrepeso em 2015/2016, um salto de 36,7% em relação à apenas dois anos anteriores. Os números foram ainda pior para as mulheres nessa faixa etária: 47,9% tinham sobrepeso, contra 35,6% em 2013-2014.
Essa não é uma boa tendência, e cada vez mais fica mais claro que a obesidade infantil avança como uma pandemia de nível mundial.
Foi evidenciada uma outra tendência preocupante entre as crianças de 2 a 5 anos, dentre as quais 26% apresentavam sobrepeso. Se você olhar para a porcentagem que não era apenas apresentava sobrepeso, mas obesa, entre 2013/2014 e 2015/2016, a porcentagem passou de 9,3% para 13,7%.
A tendência entre as crianças pré-escolares é particularmente preocupante, uma vez que estudos recentes descobriram que, se uma criança está com excesso de peso na pré-escola, é provável que elas permaneçam assim na idade adulta. Essa é uma das constatações mais significativas dos estudos mais recentes. Não há mais o que chamamos carinhosamente de “gordura do bebê” ou “dobrinhas fofas”. A gordura não desaparece à medida que as crianças envelhecem – eles tendem a ficar.
Isso tem terríveis implicações para a futura saúde de nossos filhos. Ser obeso como adulto está associado a ter uma má saúde – e consequentemente à enfrentar uma morte precoce.
Nos estudos realizados nos Estados Unidos, as taxas de obesidade foram muito maiores entre as crianças negras e hispânicas do que em crianças brancas e asiáticas, o que demonstra parte do que torna este problema tão complicado e difícil. Fatores culturais e socioeconômicos desempenham um papel importante na obesidade.
Apesar de podermos dizer e conjeturar que a obesidade é um problema que deriva da equação dieta/exercício físico, em seu entorno muitos fatores influenciam o que comemos e o quão ativos somos. Onde vivemos (o que afeta a disponibilidade de alimentos e os preços, bem como os espaços seguros disponíveis para o exercício), nossa renda, a publicidade a que somos expostos, disponibilidade de oportunidades de exercício, programação escolar e refeições, rotinas diárias – tudo isso tem um papel em nosso peso e a peso de nossos filhos.
Há muitas iniciativas em andamento para ajudar a combater a obesidade infantil, mas o problema é tão grande e complexo que é difícil para qualquer iniciativa individual ser um fator prepodenderante. Isso não significa que não possamos fazer nada, porque podemos. A única coisa que todos podemos e precisamos fazer, é levar o problema a sério. Não existe uma única solução que ajude todas as crianças – mas sempre há algo que pode ser feito para cada criança, se os pais e cuidadores trabalharem duro e não desistirem.
Aqui está o que todos os pais podem e devem fazer:
- Saiba se seu filho está com um peso saudável. Usamos o índice de massa corporal para nos ajudar a descobrir isso. É um cálculo que utiliza altura e peso para chegar a um número. Para adultos, um IMC entre 19 e 25 é considerado saudável. Para as crianças, em vez de um número, usamos percentis. Uma vez que o IMC de uma criança chega ao percentil 85 ou superior, consideramos a criança com excesso de peso. Seu médico pode ajudá-lo a avaliar esta questão.
- Se o seu filho estiver apresentando excesso de peso, não ignore este fato e busque ajuda profissional, tanto com um endocrinologista quanto um nutrólogo. Estabelecer uma relação de confiança com um médico capacitado para abordar estes assuntos é muito importante para que o problema seja solucionado antes que cause problemas permanentes e de muito mais difícil solução na fase adulta.
- Implemente mudanças reais e seja persistente. Você nunca deve fazer uma criança se sentir mal por ter excesso de peso e nunca deve colocar uma criança em uma dieta rigorosa, a menos que seu médico lhe diga. Mudanças pequenas e simples, como cortar suco ou refrigerante, comer mais frutas e vegetais e menos alimentos processados, ou limitar a junk food, fast food e doces podem fazer uma grande diferença.
- Mantenha-se sempre informado se o seu filho está ativo fisicamente. Isso se aplica a todas as crianças, independentemente do IMC. Os hábitos aprendidos e cultuados durante a infância duram por toda a vida, e o exercício sempre pode ser enxergado como algo saudável. Todos podem estar fisicamente ativos; sempre há uma maneira, mesmo que seja dançar na cozinha ou dar um passeio ao redor do quarteirão. A recomendação é que as crianças estejam fisicamente ativas por pelo menos uma hora por dia. A criança média passa muito mais tempo do que isso na frente de uma tela; se você trocar uma hora de tela por uma hora de exercício, você pode literalmente mudar sua vida.
- Compre e sirva alimentos saudáveis. Isso, também, aplica-se a todas as crianças e famílias, independentemente do IMC. É um investimento na saúde de todos.
Se você não tem certeza sobre como agir a respeito, ou se seus esforços não são bem-sucedidos, fale com seu médico. Sei que já disse isso algumas vezes, mas é importante que fique a mensagem. Às vezes, é necessário desabafar e ouvir uma opinião profissional para saber como mover adiante. Porque, afinal de contas, é disso que se trata: como prover o melhor caminho para nosso filhos.